Em meados do ano de 1984, um grupo liderado pelos bancários Elias Ribeiro e Rogério Guilherme Pereira, discutiu a criação de um sindicato dos bancários em Governador Valadares.
Elias, funcionário do Banco do Brasil, militante do movimento estudantil, e Rogério, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), foram os idealizadores e defenderam e lutaram pela criação do sindicato.
As reuniões eram secretas, e em diferentes locais, pois não poderíamos correr o risco de sermos delatados aos gerentes de bancos, o que acarretaria perseguição aos bancários. Tínhamos receio que entre nós estivesse infiltrado algum “espião” e dedurassem os companheiros.
Nas primeiras reuniões participaram os bancários: Antônio Alves Paulo (Banco Econômico), Elias Ribeiro (Banco do Brasil), Rogério Guilherme Pereira (Banco de Crédito Real de Minas Gerais – CREDIREAL), José Oton Prata de Castro (Banco do Brasil), Wanderlei Ribeiro de Souza (Banco do Estado de Minas Gerais – BEMGE) dentre outros.
Partimos assim para a criação do sindicato elegendo o Elias como presidente da comissão provisória, sendo o mesmo o principal articulador para que os bancários participassem da fundação do sindicato.
Foi feito o contato com os bancários que gostariam de participar da formação da chapa que iria ser elaborada para a criação da entidade. Antes da Constituição de 1988, pela Lei da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) de 1943, para fundar um sindicato era necessário primeiro formar uma associação profissional e só depois é que poderia se tornar ou não um sindicato e obter sua Carta Sindical, autorizando seu funcionamento.
A Assembléia da fundação da associação foi realizada no dia 1º de dezembro de 1984, com a presença de bancários de vários bancos. Após várias discussões foi fundada a sonhada Associação Profissional dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Governador Valadares.
Naquele momento, foi eleita a diretoria que iria dirigir a Associação e foi composta pelos companheiros: Silvano Gomes da Silva (BRADESCO), presidente; Rogério Guilherme Pereira (CREDIREAL), secretário; Antônio Alves Paulo (ECONÔMICO), tesoureiro. SUPLENTES: José Aroldo Alves Silva (Banco do Brasil), Roberto Marçal de Oliveira (CREDIREAL), e Wallace Teixeira Assis (BAMERINDUS). CONSELHO FISCAL EFETIVO: Elias Ribeiro (BB), Willian Oliveira Fialho (BRADESCO).
Assim foi fundada a Associação dos Bancários de Gov. Valadares no dia 1º de dezembro de 1984, que mais tarde viria a se transformar em Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Governador Valadares sendo uma data histórica para o movimento sindical de Gov. Valadares.
Em janeiro de 1985 passamos a articular a transformação da Associação em sindicato, quando tivemos a demissão do diretor Sr. Antônio Alves Paulo, funcionário do Banco Econômico. Naquela época, o dirigente de associação profissional não tinha direito à estabilidade. Somente o dirigente de sindicato é que tinha este direito. Após o registro de chapa, o sindicato comunicaria à empresa, no prazo de 24 horas, o nome do funcionário integrante da chapa para que o mesmo tivesse direito à estabilidade. Como a lei só garantia estabilidade aos dirigentes de Sindicato e não de Associação e com receio de haver demissões, não foi comunicado ao Banco Econômico que o Sr. Antonio fazia parte da chapa da associação, até porque o Banco Econômico era a empresa bancária que mais perseguia dirigentes sindicais em todo o pais. Por este motivo, a não comunicação, ocorreu a demissão do sindicalista Sr. Antonio. Na tentativa de reverter a situação o mesmo ingressou com uma ação na justiça trabalhista pleiteando a sua reintegração. O Banco suspendeu o contrato de trabalho ficando assim subjudice. Assim o Sr. Antonio pode concorrer às eleições até final decisão da justiça. O processo tramitou na justiça trabalhista por nove anos e o Sr. Antônio perdeu a ação no ano de 1994. Durante este período o sindicato por decisão de uma assembléia realizada para este fim passou a ajuda-lo financeiramente até decisão final da justiça. No mesmo ano, após decisão final do TST (Tribunal Superior do Trabalho) o Sr. Antonio foi contratado pelo sindicato para prestar serviços como assessor administrativo da entidade.
No dia 02 de fevereiro de 1985 foi publicado no jornal “Diário do Rio Doce” o edital convocando os bancários para discussão e aprovação da transformação da Associação em sindicato. Nesta assembléia aprovou-se o estatuto da entidade e em seguida requerido junto ao Ministério do Trabalho o reconhecimento do sindicato. E como última etapa do processo foi realizada a eleição e empossada a diretoria provisória que iria administrar o recém-criado sindicato.
A Assembléia foi realizada no dia 23 de fevereiro, com a presença do Sr. Rodrigo da Silva, representando a direção da Federação dos Bancários de MG, GO e Brasília com sede em Belo Horizonte.
A diretoria provisória foi composta da seguinte forma:
Os documentos foram enviados ao Ministério do Trabalho em Brasília solicitando ao ministro do trabalho o reconhecimento do sindicato. No dia 28 de março de 1985 o então ministro do trabalho Dr. Almir Pazzianoto Pinto assinou a nossa Carta Sindical. Vale ressaltar que a nossa carta foi a primeira a ser assinada pelo Ministério do Trabalho da Nova República no governo Tancredo/Sarney, implantada em janeiro de 1985.
Eleita a direção provisória e com a Carta Sindical assinada, o sindicato no dia 10 de abril de 1985 convoca os bancários para participarem da primeira eleição direta que seria realizada nos dias 17 e 18 de julho do mesmo ano.
Foi eleita a chapa encabeçada por Silvano (chapa única), tendo sido incluídos três novos companheiros que substituíram os fundadores Clewerton Freire Cabral e Edgard Pinho da Silveira. Foram convidados a fazerem parte da chapa os novos companheiros Élcio José Coelho Braga (BRADESCO), Cleber Silva Sathler e Maria Luiza Soares (CREDIREAL), primeira mulher a fazer parte da diretoria.
A primeira diretoria eleita por voto direto foi empossada no dia 10 de agosto de 1985 pelo Dr. Paulo Lott, delegado do trabalho em MG.
Hoje o sindicato é dirigido por novas lideranças, que aprenderam com os companheiros do passado a não se deixar perder, continuando defendendo os bancários de Gov. Valadares e região.