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SANTANDER, HOME OFFICE TAMBÉM TEM REGRAS!

Trabalhadores do Santander têm feito diversas denúncias ao Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região sobre problemas relacionados ao home office, entre eles pressão constante por metas, cobrança do banco para uso de celular pessoal, demandas de clientes após a jornada ou mesmo aos finais de semana, e sistema lento do banco que impede a realização das tarefas.

“O home office em tempos de pandemia do coronavírus é essencial para garantir a segurança dos bancários e também para conter o ritmo de contágio da doença. Mas não pode haver abusos por parte do Santander”, afirma a dirigente do Sindicato e bancária do Santander Lucimara Malaquias.

Ela destaca que o presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, em live pelas redes sociais no último dia 15, disse que o trabalho remoto é produtivo e que os sindicatos deveriam compreender as mudanças da Era 5.0. “Estamos prontos para dialogar com o Santander sobre a Era 5.0 e negociar regras elimites para o uso da tecnologia. Mas ao que tudo indica é o Santander que está bem longe da modernidade, uma vez que suas práticas de negócios e de gestão remetem ao século passado. O banco fala de Era 5.0 mas ainda pratica uma gestão perversa, assediadora. O mundo moderno exige lideranças ao invés de chefes, incentivadores ao invés de capatazes. Nada mais retrógrado, por exemplo,do que cobrar tarifas dos próprios funcionários, quando nenhum outro banco cobra, nem o próprio Santander o faz em outros países onde atua”, critica.

O grande problema, segundo Lucimara, é que para o Santander, modernizar significa exclusivamente reduzir o custo operacional e maximizar ainda mais seus lucros. “A pandemia trouxe uma necessidade de revisitar prioridades, seja no plano pessoal seja no mundo dos negócios. Cada vez mais a sociedade exigirá responsabilidade social, ambiental, fiscal e econômica. O Santander tem histórico de sair na frente quando se trata de implementar Medidas Provisórias que retiram direitos dos trabalhadores, então que saia na frente e modernize sua gestão de pessoas, estabelecendo relações saudáveis e respeitosas.”

A dirigente lembra que há tempos o Santander vem experimentando modelos de flexworking – como por exemplo manter o bancário em casa ao menos duas vezes na na semana –, tem defendido que o home office é produtivo e que é o suprassumo da modernidade por proporcionar, segundo o banco, flexibilidade, liberdade, conforto do lar e dispensar o trajeto até o trabalho. Mas a realidade no Santander, segundo a dirigente, tem mostrado que nem tudo são flores.

“A tal flexibilidade não existe: há sistemas de controle de acesso; tem as metas que não foram suspensas e até aumentaram; há um sistema lento e ineficaz, e os gestores têm culpado os trabalhadores por falhas sistêmicas; o custo do trabalho tem sido do trabalhador (internet, água, luz, celular pessoal sendo usado para atender clientes); o trabalhador tem que estabelecer regras e espaços de trabalho com a família; e as cobranças têm sido ainda mais intensas, por vídeo, por email, por Whatsapp”, resume Lucimara Malaquias.

E soma-se a isso tudo, a insegurança da informação. “Uma vez que se usa redes particulares de acesso, celulares pessoais para atender clientes, isso gera uma grande insegurança de informação. O banco quer terceirizar sua responsabilidade em garantir sigilo dos clientes, para os funcionários”, denuncia a dirigente.

Além dos problemas já mencionados, cita ainda a dirigente, diversos trabalhadores relatam que não têm se adaptado ao isolamento da residência, e que a falta de convívio com clientes e colegas de trabalho tem gerado picos de ansiedade.

“É claro que a pandemia tem exigido que adotemos essa nova forma de trabalho. E ela é essencial para a saúde do trabalhador, de sua família e de toda a sociedade agora. Mas o momento também é importante para que saibamos os problemas dessa modalidade. O direito de se desconectar dos celulares, a segurança da informação, os custos do teletrabalho são debates que estão apenas começando. É fundamental que os trabalhadores se apropriem e participem deste debate e ajudem a construir propostas. A tecnologia não é um mal em si, pelo contrário, é um avanço necessário. Mas é urgente que se regulamente o uso, os limites e a proteção de todos”, ressalta Lucimara. (Fonte: Seeb SP)